domingo, 24 de janeiro de 2016

RELAÇÕES RACIAIS NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS – ÍNDIA (5)



RELAÇÕES RACIAIS NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS – ÍNDIA (5)

INDEFERIDO… POR SER CANARIM!

" Ontem e hoje

Antes que o intenso movimento colonial europeu despertasse Portugal do seu letargo tantas vezes secular, a África Oriental jazia esquecida e só nela trabalhavam meia dúzia de homens de Portugal e da Índia num esforço sinérgico, num ideal comum – o engrandecimento da Nação – quase abandonados pelos governos da metrópole. Eram eles que empunhavam a bandeira portuguesa e batendo-se com as armas e cimentando as conquistas pelo comércio, preparavam terreno para toda essa espantosa evolução que vai transformando o continente negro dando-lhe o cunho comum dos povo civilizados. Esqueceram-se os serviços de tantos desses beneméritos, verdadeiros pioneiros da civilização europeia na África Oriental. Silva Porto e Manuel António morreram abandonados. O exército da Índia que aguentou as arremetidas do Bonga foi extinto, e volvidos vinte anos – que nem os factos são tão velhos que tão depressa se esquecessem -  no grande império português, criado e consolidado pelo maior génio que Portugal contemporâneo produziu – António Enes –
 literato, dramaturgo, jornalista, guerreiro e estadista, em tudo sublime nos seus arrojados voos; 













neste mesmo império mandava soberanamente, despoticamente, um cabo de guerra feliz, o comissário régio Mousinho de Albuquerque, 
 que, nutrindo de velha data ódio entranhado contra os filhos da Índia Portuguesa, neles cevava com sarcasmo inaudito e cruel." *
(*) São bem conhecidos os seus despachos: «Indeferido por ser canarim».














Bibliografia:
Silva, F. Wolfango da *, «Estudos Económicos e Sociais sobre a Índia Portuguesa (Propostas à Junta Geral da Província)», Nova Goa, 1910, p.2














                                                * Francisco António Wolfango da Silva(Nova Goa,1864-1947),
 Coronel-médico, Chefe dos Serviços de Saúde da Índia, Vogal do Conselho do Governo, Presidente do Instituto Vasco da Gama ( fundado, em 1871,por iniciativa de Tomás Ribeiro, hoje Instituto Menezes Bragança), onde se ostenta o seu retrato a óleo, da autoria do pintor português Fausto Sampaio.
v.«Dicionário de Literatura Goesa»,Aleixo Manuel da Costa,Instituto Cultural de Macau.Fundação Oriente,1997, vol.III,págs.226-231.










 JFSR 2016

Sem comentários:

Enviar um comentário