Edila Andrade
nasceu no Faial, Açores, em 1920. Após terminar o Liceu, rumou a Lisboa para
frequentar o curso de piano no Conservatório. Uma das suas colegas de casa
adoeceu, e foi chamado um médico, o indiano Pundalik Gaitonde. Assim, por mero
acaso, aconteceu o encontro de Edila com Lica, marcante para o resto das suas
vidas.
Só cinco anos
depois, pós muitas cartas trocadas entre Lisboa e Goa, a pianista açoriana
casou com o médico goês numa cerimónia de compromisso, apenas pelo civil, numa
conservatória de Lisboa.

Em 1947, a Índia tornara-se
uma nação independente, Nehru era o seu novo governante. Todas as expectativas
eram possíveis e Pundalik Gaitonde não queria assistir de longe.
Partiram para a Índia
no final de 1948.
Nomeado
entretanto director do Hospital dos Milagres, o Dr. Gaitonde optou por se estabelecer em Mapusa.Quanto
à pianista, montou um pequeno estúdio afiliado à Royal School of Music de
Londres, ensinava e dava concertos.
A pouco e pouco,
o Dr. Gaitonde foi-se interessando activamente pela política.
Preso no dia 17
de Fevereiro de 1954 por motivos políticos, Pundalik Gaitonde foi deportado
para Portugal. Edila acompanhou-o. Passou ano e meio no Aljube. À saída, Palma
Carlos, advogado e conselheiro, tratou dos documentos para que partissem
imediatamente. Em Nova Deli,
Gaitonde, figura agora relevante da resistência goesa, decidiu utilizar essa
notoriedade em proveito da causa. Com o assentimento de Nehru, partiu pelos
quatro cantos do mundo combatendo a campanha internacional portuguesa e
defendendo as pretensões indianas. Também Edila se empenhou à sua maneira,
colocando-se ao serviço da "All India Rádio" para dar voz às emissões dirigidas
para Portugal.
É portuguesa na
Goa hindu; filo-indiana na Goa dos colonos nacionalistas; é outcasted na sociedade bramânica; é «amigada» para um seu conterrâneo
dos Açores, o patriarca das Índias; é traidora nos meios salazaristas ( e, em
geral, numa sociedade portuguesa então intoxicada de propaganda anti-indiana); é
suspeita entre falsos freedom fighters.
Em Novembro de 2011
veio a lume pela Editorial Tágide, com Prefácio de António
Manuel Hespanha, o livro de Edila, sob o título «As Maçãs Azuis – Portugal e Goa (
1948-1961)».
Bibliografia:
«As Maçãs Azuis –Portugal
e Goa 1948-1961», Edila Gaitonde, Prefácio António Manuel Hespanha, Editorial Tágide,Lda,
Novembro de 2011;
«GOA – História de
um Encontro»,Catarina Portas/Inês Gonçalves, Almedina, Outubro de 2001
JFSR 2016
O livro é muito interessante.
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