A CONJURAÇÃO DE 1787 EM GOA (2)
O ABADE
FARIA
No plano desta
conjuração entravam, também, alguns filhos da Índia, ao tempo residentes em
Lisboa, sendo os mais proeminentes os padres Caetano Vitorino de Faria e seu
filho José Custódio de Faria, tendo ambos levado uma vida aventurosa.
Caetano Vitorino
de Faria, de Colvale-Bardez, tendo seguido estudos eclesiásticos e recebido ordens
menores, casou com Rosa Maria de Souza, de Candolim, igualmente da província de Bardez, nascendo desse matrimónio,
a 31 de Maio de 1736, um filho, José Custódio de Faria.
Tendo o casal se
separado, obtidas as necessárias licenças, Caetano Vitorino foi ordenado presbítero,
e Rosa professou em Santa
Mónica, tomando o nome monástico de Rosa de Sta. Maria.
O Pe. Caetano foi
com o filho para Roma, onde este se doutorou em Teologia. Pai e
filho vieram para Lisboa, onde o primeiro gozou de grande consideração,
chegando a ter entrada no paço real e a ser favorecido pelos monarcas D. José e
D. Maria I, sendo consultado nos assuntos da Índia, particularmente nas coisas eclesiásticas,
vindo, porém, por ocasião da conspiração de Goa, a ser preso no convento dos
Paulistas, ignorando-se por quanto tempo, não tendo regressado à Índia.
Quando em 1788
chegou a Lisboa a notícia da conjuração, o Pe. José Custódio ausentou-se para
França, onde ficou conhecido pelo título de l’Abbé
Faria.
Tomou parte
activa na Revolução de 1789, comandando uma das secções que, em 1795, 10 Vindimaire, atacaram
a Convenção Nacional.
Foi professor de Filosofia nos Liceus de Marselha e Nîmes.
Iniciado na prática do magnetismo abriu um
gabinete, no ano de 1813, em Paris, adquirindo reputação de hipnotizador. Como cientista demonstrou o
carácter puramente natural da hipnose, tendo sido o primeiro a descrever com
precisão os seus métodos e efeitos. Soube antever as possibilidades da sugestão
hipnótica no tratamento das doenças nervosas.
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