terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A CONJURAÇÃO DE 1787 EM GOA (2)



A CONJURAÇÃO DE 1787 EM GOA (2)
O ABADE FARIA

   No plano desta conjuração entravam, também, alguns filhos da Índia, ao tempo residentes em Lisboa, sendo os mais proeminentes os padres Caetano Vitorino de Faria e seu filho José Custódio de Faria, tendo ambos levado uma vida aventurosa.
   Caetano Vitorino de Faria, de Colvale-Bardez, tendo seguido estudos eclesiásticos e recebido ordens menores, casou com Rosa Maria de Souza, de Candolim, igualmente da província de Bardez, nascendo desse matrimónio, a 31 de Maio de 1736, um filho, José Custódio de Faria.
   Tendo o casal se separado, obtidas as necessárias licenças, Caetano Vitorino foi ordenado presbítero, e Rosa professou em Santa Mónica, tomando o nome monástico de Rosa de Sta. Maria.
   O Pe. Caetano foi com o filho para Roma, onde este se doutorou em Teologia. Pai e filho vieram para Lisboa, onde o primeiro gozou de grande consideração, chegando a ter entrada no paço real e a ser favorecido pelos monarcas D. José e D. Maria I, sendo consultado nos assuntos da Índia, particularmente nas coisas eclesiásticas, vindo, porém, por ocasião da conspiração de Goa, a ser preso no convento dos Paulistas, ignorando-se por quanto tempo, não tendo regressado à Índia.
   Quando em 1788 chegou a Lisboa a notícia da conjuração, o Pe. José Custódio ausentou-se para França, onde ficou conhecido pelo título de l’Abbé Faria.
    Tomou parte activa na Revolução de 1789, comandando uma das secções que, em 1795, 10 Vindimaire, atacaram a Convenção Nacional.




Foi professor de Filosofia nos Liceus de Marselha e Nîmes.  
  Iniciado na prática do magnetismo abriu um gabinete, no ano de 1813, em Paris, adquirindo reputação de hipnotizador. Como cientista demonstrou o carácter puramente natural da hipnose, tendo sido o primeiro a descrever com precisão os seus métodos e efeitos. Soube antever as possibilidades da sugestão hipnótica no tratamento das doenças nervosas.
  



Tendo alcançado em França verdadeira notoriedade, Alexandre Dumas aproveitou o seu tipo para a versão ficcionada de uma personagem do seu romance «O Conde de Monte Cristo».





Alexandre Dumas, pai.
Depois do seu falecimento, em Paris, a 20 de Setembro de 1819, em consequência de uma aploplexia fulminante, foi  publicada a sua obra «De la cause du sommeil lucide, ou Étude de nature de l’homme par l'ábbé Faria, brahimine, docteur en theologie».
Estátua do Abade Faria em Goa


JFSR 2016

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