Outras Obras de Menezes Bragança
«À Margem Duma Ideia»
Editor – Luís de Menezes Bragança, habilitado com o Curso Completo
do Liceu de Nova-Goa, - Chandór, Índia Portuguesa, 1927
«Tomaram alguns
estudantes de Coimbra, nossos conterrâneos, a iniciativa da criação de um
Instituto Indiano (*), no intuito de interessar o meio
português pelas manifestações de cultura e civilização da Índia e promover
estudos de indologia na península ibérica e nos países ibero-americanos.
É credora de
aplauso a simpática ideia e tem o mérito de ser oportuna.
No apelo que
lançaram ao público, e tiveram a gentileza de me endereçar, dizem as razões que
os incitaram a pensar nesse alto empreendimento. Avulta entre outras o facto de
a intelectualidade portuguesa “raro se ter interessado pelo estudo da cultura e
civilização da Índia, pesar de ter sido Portugal a primeira nação a conhecê-la
de perto”.
Infelizmente
assim é. Não que a acção portuguesa no Oriente, durante os tempos da conquista,
tivesse como protagonistas meros aventureiros que, fortes em arrojo, fossem débeis
em cultura.
(…) Nenhum, porém, estudou a Índia nos seus monumentos
literários, na sua filosofia, nas suas concepções religiosas, na sua ciência.
Compreende-se.
Vinham dominados pelo preconceito clássico da unidade de civilização. Civilizados eram apenas os povos, como
eles, formados na cultura greco-latina e cristãos. O resto era mais ou menos
selvagem, mais ou menos bárbaro.
(…) Nos últimos tempos, a vida portuguesa tomou uma feição
absorventemente retrospectiva.
(…) Ela prevalece nas escolas, nas academias e, mormente,
na imprensa. As excepções contam-se a dedo. Que eu saiba, vejo apenas o núcleo
da Seara Nova empenhado em libertar
os cérebros dessa tara cultural. A imprensa, chamada de grande informação, claro que não serve ideias. Está ao serviço de
interesses, como quaisquer empresas mercantis.
(…) Na política colonial, essa tendência regressiva gera
devaneios imperialistas a quererem um Império ultramarino como unidade política
distinta e subalterna da metrópole.
(…) Como se, nesta hora emancipadora dos povos, houvesse
matéria prima para conquistas e a política colonial pudesse calcar os direitos
da consciência!
A cristianização
na Índia foi, sem possibilidade de contestação, predominantemente um acto de
força.
(…) Ora, tanto a conquista como a cristianização pela
acção do Estado pressupõem o mesmo velho postulado: a inferioridade dos
conquistados e dos convertidos. Inferioridade em raça, cultura, costumes e
crenças.
(…) A politica colonial portuguesa não pode traduzir-se em
exaltações históricas. (…) A nossa época é do Trabalho e do Direito.
Tem de se afirmar
no sentido de garantir aos povos coloniais uma vida civil cada vez mais ampla e
orientá-los para o aproveitamento inteligente das suas possibilidades morais e
materiais, por meio de uma educação moderna e sólida, educação muito diversa do
psitacismo característico das nossas escolas, magníficas para formar papagaios.
Tal me parece que
seja a obra que o Instituto Indiano deve concorrer para levar a efeito,
interessando neste alto empreendimento o escol da intelectualidade portuguesa,
mormente os espíritos novos, e criando uma corrente de opinião, muito
divergente da que avassala aquele meio.
Claro está que
não tem de abrir mão do objectivo que ditou a sua criação. Simplesmente, terá
de derivar também a sua actividade para o terreno das realidades, servindo-lhe
os estudos sobre a cultura e a civilização da Índia para varrer a teia de
preconceitos e dissipar a névoa dos espíritos.
Chandór, 30 de
Julho.»
(*) Júlio Francisco Adeodato
Barreto ( Margão, 3 de
dezembro de 1905 - Coimbra, 6 de agosto de 1937), mais conhecido como Adeodato Barreto, foi um poeta e
escritor goês. As suas obras contêm importantes arquétipos e paradigmas da
cultura hindu.
Licenciou-se em Direito em 1928 e em Ciências
Histórico-Filosóficas em 1929, respectivamente, na Faculdade
de Direito e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Em Outubro de 1929, foi eleito presidente do Centro
Republicano Académico, onde proferiu discursos, promoveu sessões de estudo,
debates e conferências, no desejo de divulgar os valores da cultura indiana.
O seu sonho, ainda finalista universitário, era o de criar
um jornal, tendo, assim, surgido a Índia
Nova(1928-29), em Coimbra,
do qual foi director juntamente com José Teles e Telo de Mascarenhas, de que saíram
seis números, e Círculo (1934), que
editou sete números.
Abalançou-se à empresa de fundar o Instituto Indiano, sediado na Faculdade de Letras de Coimbra,
contando com os apoios de Mendes dos Remédios, Providência da Costa e Joaquim
de Carvalho, que prontamente o auxiliaram a organizá-lo, correspondendo-se com
orientalistas de renome, como Rabindranath Tagore e Silvain Lévi. A actividade
do Instituto foi coroada de alguns sucessos. Conferências, artigos de jornais
onde se desenvolveram temas indianos, bem como a publicação das Edições Swatwa.
«CARTA A UM INGÉNUO A Propósito dos Últimos
Acontecimentos»
Editor- Luís de Menezes Bragança, Chandór, Salcete, Índia Portuguesa, 1927
Editor- Luís de Menezes Bragança, Chandór, Salcete, Índia Portuguesa, 1927
[Comentário à revolta de 3 de Fevereiro de 1927, liderada pelo General Gastão
de Sousa Dias, a primeira tentativa consequente de derrube da Ditadura Militar
que então se consolidava em Portugal na sequência do Golpe de 28 de Maio de 1926]
«Á PORTA DA SOCIEDADE DAS NAÇÕES (Para a História da
Ditadura)»
Editor- Luís de Menezes Bragança, Chandór, Índia Portuguesa, 1928
Editor- Luís de Menezes Bragança, Chandór, Índia Portuguesa, 1928
[Crítica ao pedido de empréstimo apresentado pelo Governo da Ditadura Militar à
Sociedade das Nações em
finais de 1927]
JFSR 2016
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