quinta-feira, 21 de abril de 2016

General Francisco Augusto Martins de Carvalho



General Francisco Augusto Martins de Carvalho

  "No dia 27 de Setembro de 1841, nasceu em Coimbra Francisco Augusto Martins de Carvalho, filho do íntegro jornalista Joaquim Martins de Carvalho, intimerato autor dos Assassinos da Beira.
  (…) Joaquim Martins de Carvalho havia de ser mais tarde preso por patuleia e conduzido juntamente com Agostinho de Morais Pinto de Almeida e outros ao Limoeiro de Lisboa, onde permaneceu de Fevereiro a Julho de 1847, sem meios para se sustentar a si próprio e muito menos para valer à esposa e ao filho, que assim teve de deixar ao desamparo.
   A Francisco Augusto Martins de Carvalho e a sua mãe valeu o parente Venceslau Martins de Carvalho, que os recebeu na sua casa de Atadôa, do concelho de Condeixa, suprindo na possível medida a ausência do chefe da família, injusta e violentamente encarcerado.
   (…) Vencidos os primeiros passos da instrução oficial, cedo e decidiu Francisco Augusto Martins de Carvalho a abraçar a carreira das armas (…).
   (…) elevado ao posto de tenente coronel, é por decreto de 5 de Abril de 1894 enviado a Moçambique, a inspeccionar extraordinariamente os corpos da guarnição dessa colónia, donde regressou no ano seguinte(…); em 11 de Outubro de 1895 é colocado fora do quadro para ir em comissão organizar e comandar as forças da guarnição do Estado da Índia (…).
   «Partindo para essa colónia – lê-se no Álbum de Contemporâneos Ilustres, fascículo n.º 44, relativamente à comissão exercida na Índia – e chegado ali, não pode proceder logo à organização de que fora incumbido e que, segundo o plano de Ferreira e Almeida, era a constituição de quatro companhias de guerra. Esse plano não foi posto em execução, e Francisco Augusto Martins de Carvalho foi nomeado, em Novembro de 1895, comandante do batalhão de infantaria do Estado da Índia e Reitor interino do Liceu Nacional de Nova Goa. Em 23 de Dezembro do mesmo ano foi nomeado comandante da província de Satary e de todo o território que constitui o concelho de Sanquelim, competindo-lhe também o cargo de administrador rural e o desempenho de funções administrativas. No dia 28 de Fevereiro seguinte era exonerado do honroso cargo de reitor do Liceu Nacional de Nova Goa e recebia a nomeação de  vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar.»
   No entretanto, desenvolvera-se contra Martins de Carvalho uma intriga que o desgostou ao ponto de pedir a exoneração dos cargos de administrador do concelho de Sanquelim e de comandante militar de Satary, comissão – no dizer da portaria de 25 de Maio de 1896 - « que circunstâncias extraordinárias tornaram de excepcional importância e das quais se desempenhou com muito zelo, inteligência e dedicação».
  
(…) Regressado à metrópole, foi promovido a coronel, prestando serviço  em várias unidades, acabando por chefiar o distrito de reserva n.º 23 em Coimbra, abandonando esse lugar por desentendimentos com o ministro da guerra, e reformando-se no posto de general de brigada em 6 de Novembro de 1902.
   Da distinção com que Martins de Carvalho se desempenhou dos cargos em que por promoção ou em missão de confiança se encontrou investido, ficou registo nos louvores que muitas vezes lhe foram publicamente feitos, e nas medalhas com que foi condecorado, desde a de comportamento militar até à Torre e Espada, ganha por serviços prestados na Índia.
   (…) Da propensão para as letras – que se apresenta como a faceta dominante de um espírito insaciável de cultura e infatigável na ilustração do seu semelhante nos falam (…) um conjunto de publicações de carácter didáctico, de entre as quais Noções elementares de tiro (sem nome do autor), Nova Goa, 1894.
   (…) Não satisfeito de desempenhar-se com galhardia da tarefa que tomara sobre os seus ombros por falecimento de seu pai (18 de Outubro de 1898), da direcção de O Conimbricense (…) o General Martins de Carvalho, continuando com fervor nos seus estudos de história geral, de historiografia local e de bibliografia (…) foi publicando:
em 1910, «Guerra Peninsular», notas, episódios e extractos curiosos; no mesmo ano, Algumas horas na minha livraria; em 1914, em folhetins da Gazeta de Coimbra, as Portas e Arcos de Coimbra (…); em 1919, a Ermida e igreja do Corpo de Deus em Coimbra; e em 1921, As edições do Hissope, apontamentos bibliográficos.
   Quási ao tombar do ano de 1921, no dia 25 de Dezembro, apagou-se a chama já vacilante que animava aqueles 77 anos laboriosamente vividos (…).
   Postumamente saíram em folhetins, na Gazeta de Coimbra, Fontes e Chafarizes de Coimbra (…); e ficaram em adiantado estado de preparação Batalhões académicos da Universidade de Coimbra, Subsídios para a história da imprensa e do jornalismo de Coimbra e a segunda edição, em nove volumes, do Dicionário bibliográfico militar português, trabalhos ainda inéditos.(...)"
 Do Prefácio, de José Pinto Loureiro

Bibliografia:
«Portas e Arcos de Coimbra», General F. A. Martins de Carvalho 
Edição da Biblioteca Municipal, Coimbra, 1942

JFSR 2016

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