terça-feira, 12 de abril de 2016

ALBANO DE NORONHA



UM EXTRAORDINÁRIO GUITARRISTA DE COIMBRA, NATURAL DE GOA
ALBANO DE NORONHA

 Félix ALBANO DE NORONHA, segundo guitarra de Artur Paredes nas primeiras gravações com Edmundo de Bettencourt, a que se seguiu depois um período de primeiro guitarra em acompanhamentos de cantores, nomeadamente com Armando Goes e ainda em solos instrumentais que nunca chegaram a sair, falecido a 1 de Janeiro de 1968.(1)
Albano de Noronha




Eis a emocionada evocação feita pelo seu colega e acompanhante, Afonso de Sousa:


 “Albano de Noronha, então estudante de Medicina, gozou de justificada auréola dentro da mesma modalidade. E maior seria ainda se à delicadeza da composição pudesse aliar a mesma delicadeza de execução, pois a sonoridade ressentia-se de certa rigidez no dedilhar. Porque a compor…que deliciosas variações e canções saíram da sua inspirada emotividade, tão doces, tão harmoniosas e tantas vezes repassadas de um nostálgico acento oriental, filho de um saudosismo bem compreensível em quem se desterrara da terra-mãe!
 Era impressionável a sua sensibilidade auditiva; extraordinária a faculdade de ornamentar um tema ou uma frase, revestindo-os de meios tons e dissonâncias, como um autêntico cinzelador de harmonias.
 Neste particular as dificuldades de muitos – sobretudo dos acompanhadores – encontraram nele pronta e feliz solução. Embora integrado na nova escola não escondia a sua predilecção pelo sentimento lisboeta, enaltecendo-lhe francamente o rendilhado de certos acompanhamentos.
 Devo-lhe por assim dizer, a minha quase iniciação, desde que me foi dado ouvi-lo no seu quarto da rua de S. João, onde nasceu o ensejo de observar e de me aventurar também…
 Correram anos sobre uma colaboração constante até que seguimos os nossos rumos profissionais. Mas Coimbra, como eu, guarda ainda na  memória uma ou outra das suas criações, sobretudo das que na voz de Armando Goes encontravam a mais adequada expressão.
 Pena foi que não ficassem registadas algumas das manifestações dessa sua inspiração.
 Das suas duas gravações pessoais em que tomámos parte, uma mal sonorizada, outra retida por desorganização da empresa, apenas foi editado um disco de minha execução, ficando Albano de Noronha privado de perpetuar a excelência de seus méritos.
 A anos de distância, sinto dever-lhe esta justíssima homenagem."(2)




A cidade e a sua Academia encontram-se, ainda, em dívida para com a memória deste extraordinário executante da guitarra de Coimbra!


Bibliografia:
Niza, José: «Fado de Coimbra», II edição, Ediclube, incluído na série "Um Século de Fado", 1999;
(2)Sousa, Afonso de: «Breve notícia de uma geração artística em colaboração com o Orfeon Académico de Coimbra (Separata do livro «Bodas de Diamante do Orfeon Académico»), Coimbra, 1955.

JFSR 2016

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