quinta-feira, 14 de abril de 2016

HOMENAGEM DO POVO DE DAMÃO AOS HERÓICOS AVIADORES PORTUGUESES



Homenagem do povo de Damão
Aos heróicos aviadores portugueses
Gago Coutinho e Sacadura Cabral


  A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.
 A épica viagem iniciou-se em Lisboa, a 30 de março de 1922, empregando um hidroavião monomotor especialmente concebido para a viagem, batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto, e Gago Coutinho as de navegador, tendo este último criado um horizonte artificial adaptado a um sextante, que empregaria durante a viagem, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.
  A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias.
  No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde, após um voo de 1.700 quilometros, amararam com precisão junto daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho, no dia 18 .
  O mar revolto causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha.
  Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião, batizado Pátria. A 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês.
  Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey, batizado pela esposa do então Presidente do Brasil Epitácio Pessoa (1919-1922) como Santa Cruz.
  Posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, amarou a 17 de junho de 1922 em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.
  Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros.
  Aclamados entusiasticamente como heróis, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.
  A repercussão do seu feito fez-se sentir em todo o espaço Português.
   
  No pequeno e distante território de Damão, integrante do Estado Português da Índia, o sucesso dos heróicos aviadores portugueses foi comemorado com grande solenidade, no dia 6 de Agosto de 1922, tendo o “HERALDO”, de Nova Goa, no seu número de 18 do mesmo mês, publicado a descrição da patriótica festa feita pelo jornalista António Moreira.
  Iniciada com um solene Te Deum na Sé Episcopal, com a presença do Governador Fernando Cruz, acompanhado da comitiva, recebidos à porta do templo pelo Presidente da Comissão Executiva dos festejos Constâncio Roque da Costa,foi pelo Prior da mesma, Pe. José Maria Pereira da Gama,  proferida uma alocução congratulatória.
  De seguida, nos Paços Municipais do Concelho de Damão teve lugar uma sessão solene, com a participação de um coro de cinquenta crianças, de ambos os sexos, todas vestidas de branco, acompanhado de música, interpretando o trecho “Caravelas do Céu”, com versos do Sr. A.C. de Oliveira e música do Sr. Machado, especialmente composto para a ocasião. Proferiram discursos: o Sr. Constâncio Roque da Costa; o Presidente da Câmara Municipal de Damão Dr. Castelino Fernandes; o advogado António Francisco Moniz; o advogado Diogo de Brito; e o Governador do Distrito Sr. Fernando Perpétuo da Cruz. 



Constâncio Roque da Costa 

“Foi depois servida uma taça de champagne a todos, e doces da Casa Cornaglia. Dançou-se alguma cousa, e cerca da meia noute retiraram-se todos levando as mais agradáveis impressões da festa em honra dos aviadores, promovida pelo povo de Damão.”

Bibliografia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_travessia_a%C3%A9rea_do_Atl%C3%A2ntico_Sul
«Homenagem do Povo de Damão Aos heróicos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 6 de Agosto de 1922», Tip.Bragança & C.ª, Nova Goa, 1922

A obra “Homenagem do Povo de Damão(…)” pertence à biblioteca privada do Autor. A reprodução das imagens publicadas deverá referir a sua origem.



JFSR 2016

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