domingo, 20 de março de 2016

MOGARÉM (2)



 
MOGARÉM (2)

 “O drama em quatro actos e em verso «Mogarém» marca o ponto culminante da carreira literária de Soares Rebelo*, como poeta e dramaturgo.
 Por ocasião do 4.º Centenário de Goa (1510-1910), Soares Rebelo transmutou um episódio romântico encontrado «num formoso livro de Tomás Ribeiro» (“Jornadas” 2.ª parte - «Entre Palmeiras»), num drama de tipo clássico e histórico que evoca a gloriosa gesta portuguesa do século XVI no Oriente, envolvendo o entendimento amoroso de dois jovens, cada um deles como o protótipo de duas civilizações e culturas díspares – a europeia e a bramânica -, bem como de duas religiões fundamentalmente dissidentes: o monoteísmo cristão e o politeísmo hindu.
   Mogarém, jovem filha de um brâmane induista , e D. Fernando, filho do vice-rei D. João de Castro, são os protagonistas deste drama, que termina em trágico desfecho.      
   Num  encontro fortuito na Cidade de Goa, os dois jovens, mútua e irresistivelmente apaixonados. Juram amor eterno nas vésperas da histórica expedição punitiva que largara de Goa para Diu, sob o comando de D. Fernando, onde aquele vem a perder a vida.
   Mogarém, fugindo da sociedade hindú, recebe o baptismo de Francisco Xavier, e minada de padecimentos morais e físicos vem a morrer aos pés deste e de seu padrinho o Vice-Rei D. João de Castro.
    Embora este enredo não tenha sido inventado por Soares Rebelo, mas pelo escritor e poeta Tomás Ribeiro, soube aquele, ao transplantar a crónica dramática para o teatro, com muito acerto, animá-la com o sopro vivificante da sua imaginação criadora de experimentado dramaturgo e inspirado poeta.
O drama «Mogarém» foi publicado na revista "O Instituto" (Imprensa da Universidade de Coimbra,1912).

SOARES REBELO, Joaquim Filipe Néri (1873-1922), natural de Margão, Goa, advogado provisionário, sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, dramaturgo, fundou o jornal “Investigador”(1894-95).




O INSTITUTO DE COIMBRA foi uma academia científica, literária e artística fundada em Coimbra em 1852, no contexto da Regeneração, e que se manteve em actividade até 1982.
O Instituto de Coimbra nasceu no contexto da Regeneração e do fontismo, funcionando inicialmente como um clube dos docentes da Universidade de Coimbra, mais concretamente como um Clube dos Lentes, voltado para o academicismo da então única universidade portuguesa.
Entre as publicações do Instituto de Coimbra conta-se "O Instituto: Revista Científica e Literária", publicado de 1852 a 1981, o qual foi, até cessar a publicação, a mais antiga revista científico-literária publicada em Portugal.



Bibliografia:

Costa, Aleixo Manuel da: Dicionário de Literatura Goesa, Instituto Cultural de Macau -Fundação Oriente, vol.III pp.250-252
O Instituto, Revista Scientífica e Literária, Vol. 59.º, 1912, Imprensa da Universidade, Coimbra.
Rebelo, Domingos José Soares Rebelo: Obras Completas [Edição centenária, anotada, comentada e prefaciada por, filho do autor], Lourenço Marques, Minerva Central, 1973, vol.I pp.577-578.





JFSR 2016


  




quarta-feira, 9 de março de 2016

MOGARÉM (1)

MOGARÉM


Um ano antes de dar à estampa, em Coimbra [Livraria Central de José Diogo Pires-editor, 1874] a Segunda Parte das «Jornadas», intitulada "Entre palmeiras (de Pangim a Pondá)", Tomás Ribeiro cedeu à revista "Artes e Letras", da qual era redactor Rangel de Lima, o manuscrito de "MOGARÉM (episódio oriental)", que trata dos amores entre D. Fernando de Castro, filho do Vice-rei D. João de Castro, e Mogarém, de família brâmane, onde perpassa a figura do padre Francisco Xavier.

MOGARÉM (Episódio Oriental), por Thomaz Ribeiro (1) in ARTES E LETRAS Maio número 5 Redactor Rangel de Lima; Editores Rolland & Semiond,Lisboa, Imprensa Nacional, 1873


(1) «Bragança, 1 de Maio de 1873 - Sr. redactor das "Artes e Letras" - Accedendo ao convite de v. achei entre os manuscriptos que trouxe da índia, esse esboço de romance que tencionava recompor e completar nas minhas horas vagas, Como não as tenho e querendo condescender com o seu desejo, ahi vae tal como veio. Se v. entender que vale a publicação, póde dispôr d'elle, senão melhora-lo-hei quando voltar á vida das letras, se me parecer que merece mais apurada revisão. Sou de v. etc. - Thomaz Ribeiro.




Com a inserção do manuscripto n'estas páginas, respondemos à delicadíssima carta do nosso ilustre collaborador. R. de L.»



JFSR (2016)