MOGARÉM (2)
“O drama em
quatro actos e em verso «Mogarém» marca o ponto culminante da carreira
literária de Soares Rebelo*, como poeta e dramaturgo.
Por ocasião do
4.º Centenário de Goa (1510-1910), Soares Rebelo transmutou um episódio
romântico encontrado «num formoso livro de Tomás Ribeiro» (“Jornadas” 2.ª parte
- «Entre Palmeiras»), num drama de tipo clássico e histórico que evoca a
gloriosa gesta portuguesa do século XVI no Oriente, envolvendo o entendimento
amoroso de dois jovens, cada um deles como o protótipo de duas civilizações e
culturas díspares – a europeia e a bramânica -, bem como de duas religiões
fundamentalmente dissidentes: o monoteísmo cristão e o politeísmo hindu.
Mogarém, jovem
filha de um brâmane induista , e D. Fernando, filho do vice-rei D. João de
Castro, são os protagonistas deste drama, que termina em trágico desfecho.
Num encontro fortuito na Cidade de Goa, os dois jovens, mútua e irresistivelmente apaixonados. Juram amor eterno nas vésperas da histórica expedição punitiva que largara de Goa para Diu, sob o comando de D. Fernando, onde aquele vem a perder a vida.
Mogarém, fugindo da sociedade hindú, recebe o baptismo de Francisco Xavier, e minada de padecimentos morais e físicos vem a morrer aos pés deste e de seu padrinho o Vice-Rei D. João de Castro.
Embora este enredo não tenha sido inventado por Soares Rebelo, mas pelo escritor e poeta Tomás Ribeiro, soube aquele, ao transplantar a crónica dramática para o teatro, com muito acerto, animá-la com o sopro vivificante da sua imaginação criadora de experimentado dramaturgo e inspirado poeta.
O drama «Mogarém» foi publicado na revista "O Instituto" (Imprensa da Universidade de Coimbra,1912).
SOARES REBELO, Joaquim Filipe Néri (1873-1922), natural de
Margão, Goa, advogado provisionário, sócio correspondente da Sociedade de
Geografia de Lisboa, dramaturgo, fundou o jornal “Investigador”(1894-95).
O INSTITUTO DE COIMBRA foi uma academia científica, literária e artística fundada em
Coimbra em 1852, no contexto da Regeneração, e que se manteve em actividade até
1982.
O Instituto de Coimbra nasceu no contexto da Regeneração e
do fontismo, funcionando inicialmente como um clube dos docentes da Universidade
de Coimbra, mais concretamente como um Clube dos Lentes, voltado para o
academicismo da então única universidade portuguesa.
Entre as publicações do Instituto de Coimbra conta-se "O
Instituto: Revista Científica e Literária", publicado de 1852 a 1981, o qual foi, até
cessar a publicação, a mais antiga revista científico-literária publicada em
Portugal.
Bibliografia:
Costa, Aleixo Manuel da: Dicionário de Literatura Goesa, Instituto
Cultural de Macau -Fundação Oriente, vol.III pp.250-252
O Instituto, Revista Scientífica e Literária, Vol. 59.º,
1912, Imprensa da Universidade, Coimbra.
Rebelo, Domingos José Soares Rebelo: Obras Completas [Edição
centenária, anotada, comentada e prefaciada por, filho do autor], Lourenço
Marques, Minerva Central, 1973, vol.I pp.577-578.
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